Quando perguntamos a um estudante da Uerj sobre as funções básicas de nossa Universidade, logo temos a seguinte resposta: ensino, pesquisa e extensão. De acordo com o preceito constitucional, inclusive, assim dispondo o artigo 207 da Constituição Brasileira: "As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gesto financeira e patrimonial e obedecendo ao princípio da indissociabilidade entre ensino,pesquisa e extensão". Daí que falar de cultura é falar um pouco melhor sobre extensão.
A extensão universitária é uma forma de interação que deve existir entre a universidade e a comunidade na qual está inserida, uma espécie de ponte permanente entre a universidade e os diversos setores da sociedade civil. Funciona como uma via de duas mãos, em que a Universidade leva conhecimentos e/ou assistência à comunidade, e é influenciada por esta. Ocorre, na realidade, uma troca de conhecimentos. Assim, a universidade não tem como esquecer seus preceitos básicos (para quem e para que), visto que, a interface entre interno/externo garante a permanência do diálogo.
Então, em qual contexto de extensão a Uerj se insere? Vivemos imersos numa realidade urbana, em profundo contato espacial com históricas áreas como a Mangueira e Vila Isabel, mas tal contato, muitas vezes, não passa da simples coexistência no espaço, deixando a extensão comprometida em seu caráter total. O mesmo poderíamos dizer (genericamente) sobre os outros campi, tendo em vista, inclusive, que estamos presentes em outras cidades do estado do Rio de Janeiro.
A conjuntura já marca, de antemão, o quanto ambos poderíamos ser beneficiados dada a riqueza implícita em cada um. De um lado a Uerj, uma universidade plural e de viés mais democrático e do outro, pessoas, realidades e expressões materiais e imateriais de Cultura das mais diversas. Parece a receita perfeita para um projeto integrador e emancipador, não?
No bojo da democratização da cultura, o programa Cultura Viva apóia projetos que registrem, resgatem ou preservem manifestações da cultura brasileira, formando o que hoje é conhecido por Pontos de Cultura. O objetivo dos pontos é que se constituam numa rede orgânica, cuja intenção é criar um espaço de sustentabilidade, que permita a formação de um panorama amplo, democrático e constantemente atualizado da cultura brasileira, a todos os interessados.
Além disso, os Pontos formam uma rede horizontal de articulação, recepção e disseminação de iniciativas e vontades criadoras. Funcionam como madiadores na relação entre Estado e sociedade civil, e dentro da rede, os Pontos agregam agentes culturais que articulam e impulsionam um conjunto de ações em suas comunidades.
O Ponto de Cultura deve ser autônomo, empoderador e protagonista da sua realidade. Deve ser atuante e aglutinador. As entidades conveniadas compõem uma rede que preserva essas
características e eleva a cultura popular ao espaço que lhe é de direito; desesconde o Brasil; abre as comportas da represa que tenta conter nossa diversidade cultural. Essa ação governamental não pretende ensinar, formatar e nem refazer: simplesmente contempla iniciativas culturais que têm a capacidade de agregar outros atores sociais, envolver sua comunidade, dividir toda a experiência e o conhecimento acumulado.
Ainda não sabemos se é possível registrar uma universidade como espaço oficialmente reconhecido como Ponto de Cultura. Porém, a idéia preliminar é fortalecer as pontes de diálogo com a comunidade externa, oferecendo, inclusive, nossa estrutura e conhecimentos. É dar um passo decisivo para o comprometimento da universidade e do corpo discente com uma prática real e verdadeira de extensão.
Só para citar um exemplo: o Ponto de Cultura: Artes da Mangueira, espaço que fica do outro lado da linha do trem e cumpre todos os requisitos listados para ser considerada um Pontão. Ligada ao samba, à Mangueira e às mais diversas formas de sociabilidade artística da localidade, ainda estamos distante de um lugar tão próximo.
Essa é uma das mais variadas possibilidades dentro do universo da extensão. Por isso é fundamental o Centro Acadêmico marcar presença como mais um dos agentes intermediadores dessa obrigação e necessidade chamada: extensão. Daí ser mais um dos espaços reivindicados por nós, Novos Caianos! A capacidade de articular interno/externo também é dos estudantes, também é tarefa de Tod@.